A ética na formação do atleta
Rodrigo Rezende*

Atualmente cremos que toda forma de educação é bem vinda principalmente na fase caótica social, econômica e política em que o mundo enfrenta. Em nosso país temos uma diferença social que é muitas vezes ignorada e todos são tratados “igualmente” no esporte com o objetivo se atingir a “igualdade”. Porém, dependendo do nível socioeconômico que criança possui, das amizades que se constrói e principalmente de qual a estrutura familiar e qual abordagem em relação aos valores humanos o indivíduo recebe na infância, sabemos que fica difícil a conquista da igualdade apenas sob a responsabilidade dos profissionais do futebol.

O norte de nossa bússola é a educação! Através da educação com exemplos dos próprios pais, torna-se mais real a busca pelo “agir certo”, “ser justo”, “ser leal”, “ter princípios” e “valores humanos” em geral. Infelizmente, muitos pais seguindo um padrão moderno de trabalho passam horas trabalhando em busca de estabilidade financeira deixando a educação de seus próprios filhos como algo menos importante. Os pais não acompanham as lições de casa da escola, não observam a qualidade da alimentação dos filhos, não convivem e não criam laços de amor promovendo a confiança e responsabilidade nas crianças de hoje. Portanto, muitas crianças não possuem a referência de padrão de comportamento e ética no dia a dia.

Sabemos que quando o jovem se torna atleta nas categorias de base de determinado clube de futebol, a responsabilidade do clube é desenvolver pessoas de uma forma holística e/ou sistêmica. O desenvolvimento físico, técnico e tático do seu esporte é tão importante como conteúdos mais amplos de comportamento, postura, formas de se relacionar, domínio de outras línguas, saber comer corretamente e por que não, do amadurecimento espiritual.

É possível a partir da direção do clube junto das comissões técnicas o estímulo do senso de ética com atitudes reais no elenco de atletas. Alguns exemplos de conduta é chamar todos os atletas pelos seus respectivos nomes evitando apelidos que muitas vezes não promovem moralmente o indivíduo, jamais permitir a documentação alterada com intuito de ganhar mais um ano e atuar em categorias menores para se beneficiar no aspecto físico, não realizar promessas falsas de promoção ou negociação para clubes do exterior antes de realmente isto se tornar efetivo, conduzir a disputa saudável entre atletas de mesma posição criando atividades dentro e fora de campo para que estes atletas tenham que se relacionar de forma mais humana, ser leal no jogo oficial com o adversário e arbitragem e merecer a vitória diante de seus próprios esforços.

Professores e técnicos podem através de ferramentas dentro de seus próprios treinos enaltecerem a ética no futebol.

*Preparador físico do Paraná Clube

Fonte: Universidade do Futebol