TRABALHO RESSALTA A IMPORTÂNCIA DA VIVÊNCIA PRÁTICA NA FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Fonte: Escola de Educação Física e Esporte da USP – EEFE

A formação acadêmica de um professor de educação física do ensino básico não se restringe a livros e teorias. A convivência e a experimentação da prática pedagógica em um ambiente escolar têm um papel destacado para a preparação desses profissionais. Para compreender melhor essa interação prático-teórica, o pesquisador Marcos Vilas Boas, orientado pelo docente Osvaldo Luiz Ferraz, investigou os significados de uma residência pedagógica em uma turma de Licenciatura em Educação Física.

Trabalho de mestrado buscou identificar os significados de uma residência pedagógica em uma turma de Licenciatura em Educação Física.

Participaram do estudo graduandos inscritos nas disciplinas de Educação Física na Educação Infantil I e II, pertencentes ao quinto e sexto semestres letivos. Os dados foram coletados no município de São Paulo em 2019. O objetivo foi propiciar um contexto híbrido de formação, a fim de integrar as atividades desenvolvidas na Universidade e em uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI).

Sob supervisão, graduandos desenvolviam atividades de ensino e propunham experimentações dos materiais didáticos.

No âmbito da Universidade, os alunos participavam de aulas teóricas e práticas, compostas por análises de representações de práticas docentes, seminários, trabalhos individuais e em grupo, planejamento e discussão de atividades de ensino, elaboração de materiais didáticos, relatórios de práticas, entre outros. Já na Escola, os estudantes observavam as aulas ministradas por professores experientes e também analisavam os ambientes diversos da EMEI – parque, brinquedoteca, informática, sala de leitura e de vídeo e refeitório. Além disso, participavam de reuniões com responsáveis e professores, desenvolviam atividades de ensino sob supervisão e propunham experimentações dos materiais didáticos.

O diálogo entre teoria e prática propiciou uma formação docente reflexiva, considerando vivências profissionais e acadêmicas. Embasados por princípios pedagógicos ensinados em classe, os estudantes-professores construíam uma proposta de aula para posteriormente aplicá-la na Escola, enfrentando desafios na prática que levavam à necessidade de adaptações, ajustes e improvisos. Além disso, puderam analisar as características motoras, cognitivas e culturais das crianças, destacando a heterogeneidade presente em uma mesma turma. 

Vivência na Escola destacou a heterogeneidade presente em uma mesma turma. 

A parceria estabelecida entre a Universidade e a Escola trouxe benefícios pedagógicos em ambos os ambientes, à medida que se conectaram os aprendizados das disciplinas universitárias com as situações e problemas vivenciados na escola-campo. As práticas dos estudantes-professores eram objeto de constante análise e reflexão por meio de relatos e diálogos. Isso contribuiu tanto para o processo de formação docente quanto para a educação continuada dos professores regentes da escola-campo, fomentando a construção de uma consciência docente crítica e autônoma. Os estudantes-professores identificaram a complexidade do ambiente da sala de aula e, também, indicaram respostas adequadas para a comunidade escolar, considerando suas práticas institucionais, seus valores, história e cotidiano.

Os resultados do trabalho apontam para a valorização da residência pedagógica para a formação profissional. “O saber fazer e a construção da base de conhecimentos são elevados para a tomada de consciência, de reflexão individual ou coletiva e de organização que alicerça a ação docente durante a formação, bem como as ações profissionais futuras”, explica o pesquisador. “O modelo compreende os estudantes enquanto produtores de saber e saber-fazer e, não somente, como consumidores de conhecimentos acadêmicos e profissionais”, complementa. 

A pesquisa integrou o trabalho de mestrado de Marcos Vilas Boas, defendido em março deste ano sob o título “Formação inicial e profissional do professor de Educação Física escolar: um terceiro espaço híbrido na relação Universidade – Escola”.