Quais são os fatores atuais que colaboram para prolongar a carreira útil dos jogadores de futebol?

Renê Drezner e José Alberto Aguilar Cortez

Introdução

A duração da carreira de jogador de futebol profissional sempre foi muito curta quando comparada às outras profissões. Com início entre 17 e 20 anos e término por volta dos 35 ela se prolongava por 15, 20 anos, no máximo. Contudo, o que se observa atualmente é que grande número de jogadores estão desempenhando em alto nível mesmo depois dos 35 anos.

Prova disso pode ser verificada no Campeonato Brasileiro da Série A de 2018, onde identificamos aumento de 33% no número de jogadores com 35 anos, ou mais, que atuaram em, pelo menos, quatro jogos da competição. A comparação foi feita com dados obtidos no ano de 2011 do mesmo campeonato. Naquela oportunidade apenas 24 jogadores competiam com 35 anos ou mais contra 32 atletas presentes no levantamento realizado em 2018.

Embora a participação ainda se mostre pequena, quando se considera o total de jogadores na competição, se a tendência se mantiver poderá ocorrer aumento mais expressivo nas edições futuras dos principais campeonatos de futebol.

Diante desta realidade é preciso compreender o que está influenciando o prolongamento da carreira de alguns jogadores e este artigo tem como objetivo focar dois aspectos que podem explicar esta nova tendência: 1- o aprimoramento de todos os procedimentos de preparação física e 2 – mudança dos hábitos cotidianos dos jogadores.

 1 – Aprimoramento dos procedimentos de preparação física.

O aprimoramento dos procedimentos de preparação física pode estar relacionado com o prolongamento da carreira dos jogadores pela sua influência na redução do número de lesões que representa um dos principais fatores que leva ao encerramento precoce da carreira.  Geralmente os atletas que se lesionam muito carregam sequelas que, ao longo do tempo, limitarão a tolerância à sobrecarga associada aos jogos e treinamentos.

Por exemplo, quando as lesões musculares na mesma região são recorrentes, o tecido muscular fica mais rígido e menos resistente às sobrecargas devido o surgimento da fibrose. A transformação do tecido favorece, significativamente, a reincidência de lesões no local. Fato semelhante pode ocorrer nas articulações quando são submetidas a várias intervenções cirúrgicas. Fica evidente que quanto menor for o número de lesões ao longo da carreira, menores serão as sequelas e maiores as chances de o atleta mais velho prolongar a carreira.

Nos últimos anos significativa diminuição no número de lesões vem sendo observada durante a temporada competitiva e dois fatores podem ser apontados como responsáveis pela redução: a evolução do treinamento muscular específico para a prevenção e tratamento das lesões e o aprimoramento do controle da sobrecarga dos treinos e da fadiga dos jogadores.

Do ano 2000 até os dias atuais o trabalho de fortalecimento da musculatura esquelética ganhou importância entre os profissionais responsáveis pela preparação física das equipes. Treinamentos mais específicos com ênfase na estabilidade do funcionamento das articulações do quadril e joelhos, contribuíram decisivamente para a diminuição das lesões de joelho e reduziram ao mínimo as lesões pubianas. A eficiência dos tratamentos das contusões acelerou o processo de recuperação dos atletas de maneira mais eficiente e em condições mais seguras para antecipar a volta aos treinamentos e competições com menor probabilidade de se contundirem novamente.

O aprimoramento do controle da sobrecarga dos treinamentos e da fadiga dos jogadores influenciou, substancialmente, na individualização da intensidade dos treinos e, consequentemente, ajudou a evitar a exposição excessiva dos atletas às situações de risco. Atualmente, as grandes equipes possuem instrumentos e métodos de controle que permitem adequar a intensidade e o volume dos treinos às condições físicas dos jogadores. Os picos de sobrecarga e o desgaste físico podem ser detectados com antecedência para diminuição das cargas de trabalho nas sessões de treinamento e para proibir a participação em jogos visando preservar o jogador quando se identifica uma possível situação de lesão.

2 – Mudança dos hábitos cotidianos dos jogadores.

A queda do desempenho físico com o aumento da idade é inevitável, mas mudanças de hábitos podem desacelerar o processo que colabora para a aposentadoria precoce. O auge do desempenho físico da carreira do jogador de futebol é atingido por volta dos 25 anos de idade e pode se manter até os 30 anos. Após este período começa a ficar mais evidente uma queda gradual do desempenho físico que vai se acentuando com o passar dos anos. O envelhecimento é inexorável, mas a boa alimentação, o descanso, a hidratação, a abstinência ao álcool e ao fumo, interferem positivamente para prolongar o desempenho em alto nível.

O descanso é fundamental no processo de recuperação e para a longevidade da carreira. O jogador deve ser precavido e adotar um estilo de vida saudável fora do ambiente controlado do treinamento e das competições para evitar queda acentuada do desempenho físico.

A boa alimentação tem função importante para a recuperação da energia despedida nas atividades intensas dos treinos e confrontos. Os clubes oferecem a orientação de nutricionistas que controlam, de maneira muito eficiente, o cardápio e a suplementação dos jogadores nos Centros de Treinamentos e nos locais onde são hospedados nas viagens e concentrações. Alimentos saudáveis contribuem, de maneira significativa, no processo de recuperação e, em alguns casos, no controle do peso corporal. Contudo, fora do ambiente de “trabalho”, os jogadores são os responsáveis e não podem se render aos excessos durante as refeições e a falta de moderação no consumo de bebidas alcoólicas.

Finalizando é importante ressaltar o comprometimento e o profissionalismo de alguns jogadores que, por iniciativa própria, contratam fisioterapeutas e preparadores físicos, para ajudar a acelerar o processo de recuperação física e mental. Tal atitude é um sinal de mudança de concepção dos jogadores sobre a importância de investir na saúde e na qualidade de vida para prolongar o desempenho em alto nível e ser visto com mais respeito pelos dirigentes e torcedores.

Conclusão:

O constante aprimoramento dos meios de preparação física e a mudança de concepção sobre a importância de se manter um controle dos hábitos fora do ambiente de trabalho podem ser dois pontos fundamentais para o prolongamento da carreira dos jogadores de futebol.

Em um futuro próximo já será possível observar se esta geração, premiada com os avanços científicos da preparação física e dos procedimentos de recuperação e ciente da sua responsabilidade quanto aos bons hábitos de vida, conseguiu jogar em alto nível, por mais tempo, que as gerações anteriores.

Se esta previsão for confirmada teremos um significativo avanço para melhorar o desempenho e prolongar a carreira dos jogadores profissionais de futebol.

Fonte: Universidade do Futebol

Luizinho atleta do Sport Club Alcaçovense de Portugal

Luiz Henrique da Silva mais conhecido como Luizinho iniciou sua jornada até o futebol profissional com muitas lutas e frustrações, mais depois de batalhar bastante achou uma oportunidade em um Projeto de futebol que era realizado no Centro Olímpico do Ibirapuera em São Paulo, idealizado pelo Prof. José Roberto Portella que já trabalhou como preparador físico de grandes clubes do futebol Paulista. A partir de lá Luiz foi para o Nacional Atlético clube da Barra Funda/SP, onde disputou o Campeonato Paulista e Taça São Paulo Juniores. Se profissionalizou no clube e hoje atua pelo Sport Club Alcaçovense de Portugal, clube que faz parte da divisão de Évora do país e também da 4° divisão. Já em sua primeira temporada e com mais 8 brasileiros na equipe o atleta marcou 17 gols em 26 partidas conseguindo renovar por mais um ano seu contrato. No ano seguinte infelizmente não teve a mesma sorte, Luiz teve uma Pubalgia que tirou da primeira volta do campeonato inteiro, conseguindo voltar só na segunda fase, mais ainda conseguiu ser o artilheiro da equipe com 8 gols em 12 partidas. O atleta tem 27 anos é natural de Rio Piracicaba/MG.

Fale um pouco sobre sua trajetória!

Minha história é um pouco longa, desde pequeno eu tinha o sonho de ser jogador profissional de futebol, mais onde moro as oportunidades são poucas e para se tonar jogador é muito difícil. As pessoas não tem muita noção e para se ter uma ideia nem escolinhas nós temos, e se não tem a oportunidade de jogar com grandes equipes como Cruzeiro, Atlético Mineiro, América-Mg e Ipatinga fica muito difícil, eu particularmente comecei a jogar muito cedo na minha cidade com pessoas mais velhas.

Tive uma experiência no futsal na minha cidade, joguei contra uma equipe da cidade vizinha João Monlevade que era chamada de Real Esporte Clube, na época montaram uma equipe que era para disputar o campeonato mineiro sub-15, fiz uma partida gostaram e me convidaram para participar. Naquele momento me deram alojamento e escola, então vi como uma oportunidade única, foi a partir dali que minha carreira começou a se despontar.

Na época eu estava no Monlevade Esporte Clube/MEC de Minas Gerais, jogamos contra grandes equipes como Cruzeiro, Atlético Mineiro, América-MG e Ipatinga e fui muito bem no campeonato. Passei depois pelo Itaúna E.C em 2008 e o clube Bela Vista de Minas onde disputei o Mineiro Sub 17. Depois de disputar esse campeonato, eu e mais um amigo fomos para o Grêmio de Porto Alegre mais tive alguns problemas no sul, motivo pelo qual um empresário sacaneou a gente, e como eramos de menor tivemos que voltar pelo Conselho Tutelar. Por esse motivo teve uma repercussão muito grande em minha cidade.

Nacional Atlético Clube (Luizinho)

No ano de 2009 vim para São Paulo, onde fiz uma peneira na portuguesa de desportos, cheguei até a última fase do teste mais não fui aprovado. Foi quando fiquei sabendo de um projeto que iria acontecer no Ibirapuera. A partir daquele momento conheci uma grande pessoa, uma pessoa de coração enorme, aliás não foi só uma foram 3 pessoas, o Prof. Roberto Portella, o filho Beto Portella e o Prof. Batista, onde me deram total suporte para eu crescer como jogador e como pessoa. Na época fizemos 2 amistosos contra o Nacional, fui bem nos 2 jogos e rolou uma parceria entre o Ibirapuera e o Nacional, me recordo que o clube de São Paulo conseguiu montar um elenco muito forte para a disputa da Taça São Paulo de Futebol Junior daquele ano.

Nacional Atlético Clube

Já no Nacional comecei a treinar com o Professor Nogueira, Roberto Portella e Beto Portella, fui um dos destaques naquela equipe fazendo gol na estréia da Taça São Paulo, conseguimos se classificar para a próxima fase e eliminamos o Palmeiras onde tive a felicidade de fazer um gol nessa partida. Com as coisas se dando bem, consegui me profissionalizar no clube, na época o Prof. Nogueira subiu para ser técnico do profissional juntamente com o Betinho sendo auxiliar. Pra mim foi uma experiência única e incrível por ser novo e estar trabalhando em uma equipe profissional e treinadores de renome no Brasil e no exterior. Depois do Nacional recebi um proposta do clube Itapevi/SP, disputei a bezinha como é chamado campeonato paulista da 4° divisão de São Paulo.

Itapevi F.C – Luizinho

Em 2015 voltei para Minas Gerais para a disputa do Campeonato Mineiro da segunda divisão pelo time Ponte Nova F.C um time perto da minha cidade. Depois do término do meu contrato com a equipe mineira, surgiu então a oportunidade de vir para Portugal através de um grade amigo meu Evaldo que já jogou em grandes clubes aqui em Portugal como Sporting, Porto, Marítimos, Moreirense e hoje está no Clube Desportivo da Cova da Piedade na Segunda Liga. Na época era uma equipe da 3° divisão, só que cheguei depois da transferência e não pude me escrever, nesse momento surgiram mais algumas coisas, onde entrou um investidor no clube trazendo seu próprios jogadores e então me encostaram. Tive então um oportunidade de ir para o Monte da Caparica um time da quarta divisão de Portugal, foi ai que consegui fazer 7 jogos e fazer 4 gols, saindo um pouco valorizado porque ninguém me conhecia. Depois desses jogos tive a oportunidade de ir para Luxemburgo, equipe Duché de Luxembourg que fica na Europa Ocidental. Não pude ficar no país porque não tinha a documentação necessária no momento, mais consegui fazer a pré temporada no clube. Regressei para Portugal e hoje atuo pelo Sport Clube Alcaçovensse.

Qual sua expectativa no país e como é o futebol em Portugal?

É crescer profissionalmente e pessoalmente. Quando cheguei aqui tive algumas dificuldades com o país no sentido de fuso horário e com o clima, mais graças a Deus já me sinto em casa. Sobre o futebol ele é bem diferente do nosso, é muito rápido e com bastante contato, mais nesse aspecto não tive muitos problemas. Meu objetivo é sempre trabalhar para conseguir ir para uma divisão melhor e mostrar meu futebol. Mais enquanto não vem vou continuar trabalhando forte para quando ela surgir eu aproveitar.

Formiga, o gênio que o futebol se esquece de reconhecer vai para 7ª Copa

Todos os créditos ao Blog ~dibradoras  

Foto: CBF

Tudo começou, por incrível que pareça, com uma boneca. Miraíldes Maciel Mota, que hoje é carinhosamente chamada de Formiga, cresceu como a única menina em meio aos cinco filhos de sua mãe viúva e, aos 7 anos de idade, invejou a bola presenteada ao irmão. A ela restava sempre a boneca, então não lhe restou alternativa senão arrancar a cabeça do brinquedo para poder ter algo redondo para chutar de vez em quando.

Essa menina que começou no futebol fugindo dos próprios irmãos, que não permitiam que ela jogasse de jeito algum, está prestes a se tornar recordista absoluta do esporte. Daqui 4 meses, ela estará na França para disputar sua sétima Copa do Mundo aos 41 anos de idade. São 24 anos de seleção brasileira, ninguém vestiu a camisa amarela mais vezes do que ela (entre homens e mulheres). Uma jogadora a quem se convencionou chamar de “fenômeno”, “mito” ou “de outro planeta”, já que não há qualquer outra definição que explique o nível do futebol que essa meio-campista ainda apresenta em campo.

“A maior injustiça que o futebol já teve é a Formiga nunca ter ganhado um prêmio da Fifa de melhor jogadora do mundo”. Essas são as palavras de Sissi, outro ícone do futebol brasileiro sobre a falta de reconhecimento para uma atleta do nível de Formiga. Não é só pelo fato de ela estar chegando ao seu sétimo Mundial – feito que até para jornalistas é difícil de conquistar, que dirá para um atleta, mas principalmente pela versatilidade dela em campo. Há quem diga que Formiga poderia jogar em absolutamente todas as posições do futebol, tamanha é a aplicação tática dela e o entendimento sobre o jogo.

Foto: Getty Imagens

“Ela é a jogadora mais inteligente que já treinei, entre homens e mulheres. Ela sabe a hora de ir para cima, a hora de segurar, ela é completa. Formiga é praticamente uma treinadora dentro de campo, ela tem uma visão tão boa do jogo que consegue ali na hora perceber os erros e ir corrigindo com as outras jogadoras”, pontuou René Simões, técnico da seleção brasileira na histórica medalha de prata  na Olimpíada de 2004.

A posição original de Formiga é volante. Só que, pela sua qualidade de passe e inteligência nas infiltrações, a jogadora já chegou a atuar como meia mais adiantada. E a verdade é que ela se faz presente em todos os setores do campo. Incansável na defesa, ela faz a proteção necessária para que as estrelas de Marta e companhia possam brilhar – assim como já fez brilhar a de Sissi no passado.

Foto: Arquivo Pessoal

“A Formiga fez meu trabalho se tornar tão fácil…quando precisava contar com a Formiga, ela estava lá. Uma jogadora especial que, infelizmente, as pessoas não prestavam atenção. Acho a maior injustiça do futebol o fato de ela nunca ter ganhado o prêmio de melhor do mundo. Uma jogadora que não faz muitos gols, mas era eficiente e consistente. Tem jogadoras que vão perdendo o rendimento. A Formiga, a consistência dela é algo impressionante, ela não tem aqueles altos e baixos. E até hoje, aos 40 anos, se mantém assim”, disse a ex-camisa 10 da seleção brasileira.

24 anos de seleção para se ter ideia do nível de importância de Formiga para o futebol brasileiro, basicamente não existe quase nenhuma jogadora que tenha passado pela seleção brasileira e não tenha jogado com ela. São 31 anos desde que a primeira seleção foi formada e 24 anos desde que Formiga vestiu a amarelinha pela primeira vez, aos 16 anos de idade. A Fifa criou a Copa do Mundo de Futebol Feminino oficialmente em 1991, a única que a meio-campista não disputou.

De lá para cá, 1995, 1999, 2003, 2007, 2011, 2015 e agora 2019: todos os Mundiais tiveram a presença de Formiga, que inclusive ganhou o apelido por se multiplicar em campo, por ser incansável, características que mantém até hoje e que darão a ela dois recordes na Copa do Mundo da França – será a jogadora mais velha a disputar um Mundial (41 anos e ainda titular), e a que mais edições do torneio disputou (entre homens e mulheres).

É realmente impensável um atleta de alto rendimento conseguir se manter em forma e em altíssimo nível por 24 anos de carreira. Na seleção brasileira, ela está entre as primeiras do ranking de atletas com melhores índices no preparo físico. Hoje, ela é o maior exemplo que as mais novas têm para se inspirar dentro e fora de campo.

“A gente tem que cuidar. Com esse objetivo de chegar a mais um Mundial, eu não posso relaxar em momento algum, então mesmo às vezes estando de férias eu procuro estar treinando. É bem regrado, bem preparado. Mas o principal é lá dentro, não economizo. Então se eu der 100% no treino, pode ter certeza que vou dar 100% no jogo”, afirmou a jogadora às dibradoras.

Foto: CBF

Esse, aliás, foi um dos maiores elogios que todos que já jogaram ou treinaram Formiga disseram dela. Uma atleta que gosta de treinar, que se dedica ao máximo na preparação e, consequentemente, se doa 150% no campo durante os jogos.

“A Formiga é bizarra. Não dá nem para fazer a brincadeira dos 10 anos com ela porque é a mesma cara, é o mesmo corpo, não tem nem graça com a Formiga. Ela é de outro planeta. É uma jogadora que está correndo mais que todo mundo de 20 anos. Serenidade no olhar que parece que a gente vai envelhecendo e ela parou no tempo”, observou Cristiane, uma das veteranas desta seleção que joga há pelos 15 anos com Formiga.

Referência Se dentro de campo a meio-campista tem essa liderança para comandar as jogadoras, fora ela é também a líder das brincadeiras. Mesmo com aquela carinha de tímida, silenciosa no início, mas quando se solta, Formiga se torna a mais brincalhona do grupo e diverte quem está ao redor.

É aquela que arma de colocar a jogadora mais baixa no bagageiro do ônibus, como contou Sissi, a que cria os apelidos mais doidos, que combina de esconder as coisas do treinador, como fazia com Zé Duarte no passado, enfim, a que ganha as jogadoras pela dedicação dentro das quatro linhas e pela diversão fora delas.

Foto: Arquivo Pessoal

“A Fu é sensacional, conviver com ela é um privilégio, pela dedicação que ela tem. Chego no treino, vejo a Formiga ali correndo mais que todo mundo…essa mulher é de outro mundo. Ela é brincalhona, faz a gente sorrir sempre. Tenho que desfrutar muito tudo o que ela passa para nós”, disse Ludmilla, jovem atacante da seleção.

A questão com Formiga é que, apesar dos mais de 160 jogos com a camisa da seleção (superando Cafu como a jogadora que mais vezes vestiu esse uniforme), apesar dos 24 anos de dedicação incomparável dentro de campo, apesar de ser essa jogadora inteligente, completa, que organiza a defesa e o ataque do meio-campo, ela não é tão conhecida e reconhecida no futebol. Ao menos não tanto quanto merece.

Foto: CBF

“Sem dúvida nenhuma uma das maiores jogadoras da história do futebol mundial entre mulheres e homens. Para quem treinou, jogou, conviveu com a Formiga, sabe o quanto faltou esse reconhecimento individual nas competições que ela disputou. Acho que isso é uma grande injustiça pelo futebol que ela apresenta. Uma das maiores lendas do futebol mundial, uma honra para mim poder ter jogado com ela por tantos anos”, observou a ex-capitã do Brasil, Aline Pellegrino.

“O jeito de ela liderar era diferente. O jeito que ela mostrava a liderança dela era tranquila, o mundo poderia estar se acabando, mas parecia que nada a afetava. O povo tem que apreciar esse tempo que ela está jogando. Porque ninguém vai chegar a essa marca dela. Chegar com méritos. Desde que ela começou até hoje, ela deixa um legado incomparável. Ninguém vai conseguir substituir ou chegar perto do que ela fez até hoje”, disse aquela que foi uma das maiores de todos os tempos também, Sissi.

Está aí mais um motivo para ligar a televisão no dia 7 de junho e só voltar a desligá-la no dia 7 de julho, quando acaba a Copa do Mundo, para poder aproveitar cada segundo de Formiga em campo. Afinal de contas, infelizmente, esse privilégio nosso de poder assistir seu futebol na seleção brasileira está chegando ao fim.

Clubes onde jogou: 1993-1997: São Paulo 1998: Portuguesa 1999: São Paulo 2000-2001: Santa Isabel 2002: Santos 2004-2005: FC Rosengard 2006: New Jersey Wildcats 2007: Jersey Sky Blue 2007: Saad 2008: Botucatu 2009: FC Gold Pride 2010: Chicago Red Stars 2010-2016: São José 2016: São Francisco 2017 até hoje: Paris Saint-Germain.

Fonte: UOL

Todos os créditos ao Blog ~dibradoras  

Reportagem na íntegra: https://dibradoras.blogosfera.uol.com.br/2019/02/11/formiga-o-genio-que-o-futebol-se-esquece-de-reconhecer-vai-para-7a-copa/

SOBRE O BLOG

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar… Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra   

SOBRE AS AUTORAS

Renata Mendonça é jornalista, são-paulina, e apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol – daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando – sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.  

Paulo Martins Coordena clube com princípios do futebol brasileiro nos Estados Unidos – Parte II

Portal Futebol de Ouro Brasil – Paulo Martins – Parte II

Como veio a proposta para você trabalhar com o futebol nos Estados Unidos?

Eu trabalhei por 2 anos com algumas equipes de futebol de base no país no início dos anos 2000, então em 2014 surgiu a oportunidade de voltar, mais ao invés de prestar serviços aos clubes americanos existentes a proposta foi de criar um clube no modelo do futebol praticado no Brasil e por consequência baseado nos princípios do futebol brasileiro. Então escrevemos o projeto do clube desde a parte do estatuto, visão, missão, até o método que seguiria e como ele se desenvolveria. E assim, pontuamos as principais características do futebol brasileiro e iniciamos o clube em 2014. A proposta é interessante porque envolve muitos profissionais brasileiros, alguns que já moravam nos Estados Unidos e outros que foram do Brasil pra lá, especialmente para trabalhar no projeto. Hoje temos cerca de 15 treinadores que desenvolvem o futebol de acordo com que se faz aqui no Brasil, desde ensinar a sair jogando de trás, sem ligação direta, jogar com a bola no chão, fazer viradas de jogo para fugir da pressão, etc. Contamos com cerca de 400 crianças no clube como um todo. Temos a parte competitiva que possui 25 equipes da categoria Sub-7 até o Sub-18 e também a parte formativa, que é uma espécie de escolinha para crianças pequenas do sexo masculino e feminino, entre 4 e 10 anos. O projeto está se desenvolvendo bem e está dando certo. Podemos dizer que já começamos a colher bons frutos.

Por que você acha que a proposta é diferente?

Primeiro porque o futebol nos Estados Unidos sofre influência do futebol inglês, tanto pela facilidade da língua como por outras similaridades da cultura. O futebol inglês é bastante objetivo e não é segredo para ninguém que se desenvolve através de ligações diretas, jogadas aéreas e com bastante contato físico, bem diferente do nosso. Como nossa proposta é desenvolver o projeto através dos princípios do futebol brasileiro, a primeira coisa que foge ao padrão de lá, é que, nós não buscamos nos testes de captação de jogadores, crianças ou jovens fortes e robustas, pois nosso jogo não será predominantemente físico. Nós priorizamos jogadores inteligentes e bem coordenados fisicamente. A habilidade ela pode ser ensinada através de processos pedagógicos e situações de jogo e a parte tática poderá do mesmo modo ser assimilada pelos nossos jogadores, procuramos estimula-los desde de cedo e então ela vai se desenvolver, desde que pelo menos atenda a padrões normais de coordenação motora, e isso está sendo feito. Outro ponto importante e que pelo menos uma vez por semana, todos nossos jogadores fazem uma aula de futsal, não para aprender este esporte propriamente dito, mas para utilizar esta prática para aprender a jogar e tomar decisões rápidas e em espaços reduzidos, o que acreditamos será muito útil no desenvolvimento do bom futebol. Os resultados estão aparecendo e o clube já começa a vencer os confrontos com os clubes maiores da região.

Quais dificuldade que estão enfrentando nesse início de projeto?

As dificuldades que nós enfrentamos são em relação a cultura das famílias, que investem e almejam resultados rápidos. Estamos passando que o foco não é o resultado na primeira semana de treinamento, mais sim no processo que vai se desenvolver a médio e longo prazo. Então buscamos a credibilidade, a confiança e tentamos mostrar que o resultado não é imediato, e isso para os pais é um pouco complicado para entender num primeiro momento. Ou eles amam o estilo brasileiro e estão com a gente ou eles vão experimenta e depois decidi se ficam ou buscam outros clubes. Essa é uma das dificuldades que estamos tendo, mais ano a ano, seguimos melhorando, o número de crianças e jovens vem aumentando e os resultados estão aparecendo. Outra dificuldade que enfrentamos são as peculiaridades da região. Estamos, na cidade de Phoenix Estado do Arizona, que é bastante quente, por isso temos super cuidados com hidratação, planejamento dos horários de treinos e jogos, os primeiros socorros em caso de incidentes são fundamentais para o sucesso do trabalho. Sem mencionar que precisamos pesquisar e conhecer a cultura corporal dos americanos da região, que deverá ser respeitada mesmo para ensinar a jogar futebol em nosso estilo.

Os brasileiros precisam chegar lá, buscar conhecer isso e tentar se adaptar o mais rápido possível e assim poder desenvolver seu trabalho. Outra situação é que diferente da realidade brasileira em esportes competitivos, os pais americanos participam assiduamente em todos os treinos e jogos que acontecem, eles estão presentes em massa. Então é preciso ter um bom relacionamento com os pais, e dar Feedback, sempre que possível. Tenho que ressaltar uma grande vantagem que nós profissionais brasileiros, levamos em relação aos americanos. Todos nós aqui somos formados em Educação Física, além de ter tido larga experiência como jogadores de futebol, e por isso, podemos aplicar todos os conhecimentos dos quais dispomos, tais como, conhecimentos de anatomia, fisiologia, treinamento científico, psicologia esportiva, pedagogia, didática, etc. Já os técnicos americanos somente precisam de um curso rápido, as vezes de 20 horas, as vezes online e já estão aptos a exercerem a função de técnico de futebol. Muitas vezes nunca jogaram e ainda costumam ter uma outra profissão, exercendo o cargo de técnico, como uma carreira secundária para completar sua renda financeira.

Como são as estruturas de campos para treinamentos e jogos do futebol? 

As estruturas são no mínimo bem melhores que as nossas no Brasil. Os clubes de futebol de base aqui possuem a disposição, por parte da prefeitura, complexos com diversos campos. 05, 10, 15 e as vezes 20 campos, onde podem ter jogos e treinos, então a estrutura para a prática da modalidade no país não é um problema. O Futebol por aqui, desde minha passagem nos anos de 2000 já era muito praticado, já tinha muita gente jogando e agora tem muito mais. Hoje sem medo de errar podemos afirmar que o futebol até 16 anos é o esporte mais praticado pelos jovens americanos, meninos e meninas. Tem muita gente jogando.

Então os Estados Unidos pode se transformar em Potência no Futebol Profissional?

A questão de se tornar uma potência no futebol profissional é outra questão. Eles enfrentam alguns problemas com a lei do desporto por aqui. Exemplo: a lei do desporto do país diz que se o jovem adolescente estiver jogando em um clube de futebol, ela não pode participar de jogos escolares, no caso, high school. Do mesmo modo, se estiver jogando em um clube, também não poderá jogar os jogos universitários. A reciproca é verdadeira, ou seja, se estiver nos jogos escolares ou universitários, não poderão nem treinar e nem jogar em clubes de futebol. Não podemos esquecer que diferentemente do Brasil, onde os jovens querem ser jogadores de futebol profissional para assim aparecerem na mídia e ganhar muito dinheiro, nos Estados Unidos os jovens buscam a pratica esportiva para poderem ingressar nas universidades com bolsas de estudo. Haja vista, que o ensino é gratuito até o ensino médio, mas as universidades são caríssimas.

Você pega no Brasil uma classe de 100 alunos e pergunta quem quer ser jogador de futebol profissional, eu arrisco dizer que mesmo nos dias de hoje que caiu um pouco, pelo menos 90% desses alunos, sendo bom ou ruim tecnicamente, vão querer ser jogador profissional, até porque tem a questão da ascensão profissional, do prestígio, dinheiro, mudar a vida da família, querer ser o bastidor e querer ser ídolo. Nos Estados Unidos se você perguntar para um grupo de 100 alunos o que eles querem, eles vão falar que querem praticar um esporte para conseguir bolsa e ter uma carreira acadêmica para ser engenheiro, médico ou qualquer outra profissão.

Na prática, observamos que na idade entre 15 e 18 anos, onde no Brasil e no resto do mundo os jovens estão nos clubes profissionais, treinando intensamente e buscando a excelência, aqui nos Estados unidos os jovens com potencial para o futebol estão ingressando e jogando nas universidades para assegurarem sua formação acadêmica. O garoto vai terminar a universidade podendo optar em ser um engenheiro e ganhar US$ 200,000 dólares por ano ou ser um jogador de futebol e ganhar US$ 50,000 mil dólares por ano. Na maioria dos casos não retornam aos clubes e assim seguem na profissão que estudaram. Aqui as principais equipes profissionais possuem uma base fraca, pois os melhores optam por universidades. Então a questão de virar uma potência no Futebol, primeiro eles terão que mudar a lei do desporto ou injetar muito, mais muito dinheiro. O Basquete possui essa mesma dificuldade, mais eles injetam muito dinheiro na modalidade, então o jovem em vez de ir para a carreira ele vai para o Basquete.

Dú Queiroz da categoria Sub-20 do Corinthians fala da sensação de vestir a camisa do Brasil

A BOLA DA VEZ NO SITE FUTEBOL DE OURO BRASIL É O ATLETA DU QUEIROZ!

Eu queria começar lembrando de quando eu estava jogando bola na rua com meu primo e vestido com a camisa da Seleção Brasileira. “Eu disse a ele, eu ainda vou jogar na seleção você vai ver”.

Du Queiroz

Eduardo Santos Queiroz, mais conhecido como Du, tem 18 anos e atua como volante no Sub-20 do Corinthians. O jogador é natural da cidade de São Paulo, bairro Butantã (Vila Gomes). Já passou pelas categorias de base do São Paulo Futebol Clube onde ficou de 2009 a 2013 e já foi convocado para as categorias de base da Seleção Brasileira Sub-15 e sub-17.

QUAL FOI A SENSAÇÃO DE VESTIR A CAMISA DO BRASIL?

É uma experiência incrível você saber que está entre os 25 melhores do Brasil e ver que todo esforço, todo tempo longe da família, todas as horas de treino e todas as lágrimas foram recompensadas. Depois de ter sido mandado embora do São Paulo, eu pensei até em desistir do futebol, me disseram que eu era abaixo da média. Um ano após sair do São Paulo, recebi a notícia da seleção, foi a melhor sensação que eu pude ter, “porque a vida não é quantas vezes você vai bater, e sim quantas vezes você vai apanhar e continuar de pé”.

Lembro que eu estava jogando bola na rua com meu primo vestido com a camisa da seleção brasileira. “E eu disse a ele, eu ainda vou jogar na seleção, você vai ver”. E logo após fui convocado, foi uma sensação única e toda vez que eu estava vestindo o uniforme para treinar ou para jogar, uma lágrima escorria dos olhos e eu dizia “eu consegui”.

Espero não parar por aqui, e que isso seja só o começo, espero chegar no profissional e conseguir disputar uma Copa do Mundo. Aí eu vou dizer com boca cheia “A FAVELA VENCEU”, porque um menino que foi nascido e criado onde eu fui, nas circunstâncias que foi, e chegar e vencer, só mostra para as crianças que todas elas são capazes também.

FALE UM POUCO SOBRE SUAS CONQUISTAS

Eu já fui campeão da Copa do Brasil Sub-17, Copa Brasi­l-Japão Sub-15, MILK CUP Sub-15 realizado na Irlanda onde a equipe do Corinthians teve 100% de aproveitamento no torneio e o Campeonato Paulista Sub-13.  Fui Vice-Campeão da Copa Zico Sub-15, Copa Brasil laranjal Sub-15, Copa do Brasil Sub-17 e Copa do Brasil Sub-20.

QUAL SUA EXPECTATIVA NO CORINTHIANS?

A minha expectativa é a melhor possível, quero ganhar títulos e evoluir ao máximo para ser promovido para o profissional, sendo um dos meus maiores objetivos no momento.