Técnica no Futebol

O que é Técnica?

Tradicionalmente nos esportes é definida como sendo os movimentos que permitem a execução de uma tarefa de forma mais objetiva e econômica possível, ou seja, com maior eficiência mecânica.

A técnica de uma modalidade esportiva corresponde a um tipo de movimento corporal considerado ideal, mas que pode ser modificado de acordo com as características individuais de cada praticante. Entretanto, tal definição de técnica se adequa às características das modalidades esportivas individuais, em que a realização dos movimentos sofre poucas influências do ambiente onde são realizados e o desenvolvimento das capacidades motoras é determinante para o sucesso na modalidade, como, por exemplo, atletismo, natação, ginástica, levantamento de peso,
entre outras.

Mas, diferentemente destas modalidades, nas modalidades coletivas, entre elas o futebol, a técnica depende do contexto ao qual o/a jogador/jogadora está exposto/a, ou seja, para a obtenção de êxito, este deverá possuir elevada capacidade de adaptação às diferentes situações do jogo.

Tal fato exige que os/as jogadores/ jogadoras tenham uma elevada capacidade de percepção, antecipação e tomada de decisão, para que possam realizar o movimento corporal mais adequado para a situação que enfrentam. Sendo assim, a técnica no futebol define-se como a utilização do corpo para a solução de um problema imposto ao/à jogador/jogadora durante o ato de jogar, sendo que na técnica a eficácia e a tradição são características principais, ou seja, a utilização do movimento corporal está associada ao cumprimento de uma tarefa, sendo este movimento um ato tradicional, que é transmitido entre as gerações de jogadores/ jogadoras de diferentes formas.

A técnica está estreitamente relacionada com a tática individual e pressupõe uma intencionalidade na realização dos movimentos de forma que seja possível solucionar os problemas que o jogo impõe. Exemplificando, a técnica do chute, com objetivo de inserir a bola na meta adversária, pode ser realizada de diferentes formas (parte superior, frontal, posterior ou lateral do pé que bate na bola), de acordo com a posição do/da jogador/jogadora que realiza o movimento, a posição da bola e dos/das adversários/adversárias, as características do gramado, entre outras, desde que seu objetivo seja cumprido e evite promover algum tipo de lesão ao/à jogador/jogadora que realiza. No futebol, os/as jogadores/jogadoras fazem uso de técnicas com e sem bola para realizar ações ofensivas e defensivas.

Fonte: CBF

1° Fórum do Treinador de Futebol (Teórico e Prático) – Participação

Aconteceu nas datas 5, 6, 7 de Agosto de 2019 no Centro de Práticas Esportivas da USP o 1° Fórum do Treinador de Futebol.

A FOB/Desportivo Butantã agradece a Confederação Brasileira de Esportes e a TNY SPORTS pelo convite para ajudar na organização da parte prática do curso, convidando e promovendo a integração de Escolas e Projetos de futebol.

Agradecemos aos projetos Bembolado/SP, Escola do Coxa/SP e Projeto Produto da Vila – Osasco/SP que participaram do evento.


Palestrantes:

Emílio Miranda: Diretor do Cepeusp e Adm e Gestão Desportiva USP.

Agnaldo Vignati: Vice-Presidente da Confederação Brasileira de Esporte, Treinador Licença A (CBF).

Bebeto Estival: Ex Gerente de Base do Santos F.C, Coordenador Técnico da FOOCO-BR.

Jeferson Valle: Membro da FPF, MBA Gestão e Coordenador dos Cursos Roma.

Fellipe Andrade: Treinador UEFA C, Mestrado FADEUP.

TEMAS

O modelo de jogo e plano de treino em busca da excelência no futebol;

Carreira de Treinador de Futebol;

Gestão Técnica nas categorias de base no Futebol;

Periodização tática: A metodologia que revolucionou o treino de futebol;

Importância da Técnica e tomada de decisão no Futebol atual;

CBF lança campanha de respeito à arbitragem

A ação tem como objetivo fomentar o respeito e a tolerância ao trabalho dos árbitros e auxiliares de futebol durante os jogos no Brasil.

Responsáveis por fazer valer as regras e as normas do jogo de futebol, os árbitros são alguns dos participantes mais importantes de uma partida. Justamente por isso, é necessário criar um ambiente de respeito e que permita a eles realizar o melhor trabalho possível. Em discurso durante o lançamento da campanha, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, destacou o quão fundamental é construir um cenário de respeito aos árbitros.

– A campanha que estamos lançando hoje não é apenas pelo respeito à arbitragem. É, sobretudo, pelo respeito às regras e ao futebol. Nosso objetivo final é um melhor espetáculo, com menos cartões por reclamação, menos paralisações e mais justiça. Acima de tudo, é entendermos que todos os protagonistas do futebol merecem respeito. Todos que entram no campo, entram para fazer o melhor – disse Caboclo.

A campanha de respeito a arbitragem tem como objetivo atingir desde os torcedores, em casa ou no estádio, aos dirigentes e até mesmo os jogadores, que lidam diretamente com os árbitros durante as partidas. Ela estará no ar em diferentes mídias sociais. O vídeo da campanha terá inserções televisivas e ativações nos jogos do Campeonato Brasileiro.

A campanha segue uma tendência mundial de valorização do papel da arbitragem e de respeito aos seres humanos por trás das funções. Os árbitros passarão a usar um escudo da campanha no peito durante as partidas do Campeonato Brasileiro. Antes da bola rolar, os dois capitães serão chamados para receber orientações da equipe de arbitragem. 

– É uma campanha de conscientização dirigida a todos os que fazem parte do mundo do futebol. Quem está em campo ou assiste nos estádio, quem faz o futebol por dentro:  jogadores, técnicos, dirigentes e torcedores – frisou o Presidente.

Até aqui, 2019 tem se mostrado um ano histórico para a arbitragem brasileira. A atual temporada marca o início da utilização do árbitro de vídeo (VAR) durante as partidas do Campeonato Brasileiro. O Brasil foi pioneiro na apresentação do recurso da arbitragem de vídeo ao mundo do futebol.

Com o uso do VAR no Brasileirão, o Brasil passou a ter, por ano, 454 jogos com o árbitro de vídeo. Nenhum país no mundo tem essa quantidade de partidas com VAR, o que só leva a crer que, cada vez mais, a arbitragem se adapte melhor ao recurso no país.

A ética na formação do atleta
Rodrigo Rezende*

Atualmente cremos que toda forma de educação é bem vinda principalmente na fase caótica social, econômica e política em que o mundo enfrenta. Em nosso país temos uma diferença social que é muitas vezes ignorada e todos são tratados “igualmente” no esporte com o objetivo se atingir a “igualdade”. Porém, dependendo do nível socioeconômico que criança possui, das amizades que se constrói e principalmente de qual a estrutura familiar e qual abordagem em relação aos valores humanos o indivíduo recebe na infância, sabemos que fica difícil a conquista da igualdade apenas sob a responsabilidade dos profissionais do futebol.

O norte de nossa bússola é a educação! Através da educação com exemplos dos próprios pais, torna-se mais real a busca pelo “agir certo”, “ser justo”, “ser leal”, “ter princípios” e “valores humanos” em geral. Infelizmente, muitos pais seguindo um padrão moderno de trabalho passam horas trabalhando em busca de estabilidade financeira deixando a educação de seus próprios filhos como algo menos importante. Os pais não acompanham as lições de casa da escola, não observam a qualidade da alimentação dos filhos, não convivem e não criam laços de amor promovendo a confiança e responsabilidade nas crianças de hoje. Portanto, muitas crianças não possuem a referência de padrão de comportamento e ética no dia a dia.

Sabemos que quando o jovem se torna atleta nas categorias de base de determinado clube de futebol, a responsabilidade do clube é desenvolver pessoas de uma forma holística e/ou sistêmica. O desenvolvimento físico, técnico e tático do seu esporte é tão importante como conteúdos mais amplos de comportamento, postura, formas de se relacionar, domínio de outras línguas, saber comer corretamente e por que não, do amadurecimento espiritual.

É possível a partir da direção do clube junto das comissões técnicas o estímulo do senso de ética com atitudes reais no elenco de atletas. Alguns exemplos de conduta é chamar todos os atletas pelos seus respectivos nomes evitando apelidos que muitas vezes não promovem moralmente o indivíduo, jamais permitir a documentação alterada com intuito de ganhar mais um ano e atuar em categorias menores para se beneficiar no aspecto físico, não realizar promessas falsas de promoção ou negociação para clubes do exterior antes de realmente isto se tornar efetivo, conduzir a disputa saudável entre atletas de mesma posição criando atividades dentro e fora de campo para que estes atletas tenham que se relacionar de forma mais humana, ser leal no jogo oficial com o adversário e arbitragem e merecer a vitória diante de seus próprios esforços.

Professores e técnicos podem através de ferramentas dentro de seus próprios treinos enaltecerem a ética no futebol.

*Preparador físico do Paraná Clube

Fonte: Universidade do Futebol

Quais são os fatores atuais que colaboram para prolongar a carreira útil dos jogadores de futebol?

Renê Drezner e José Alberto Aguilar Cortez

Introdução

A duração da carreira de jogador de futebol profissional sempre foi muito curta quando comparada às outras profissões. Com início entre 17 e 20 anos e término por volta dos 35 ela se prolongava por 15, 20 anos, no máximo. Contudo, o que se observa atualmente é que grande número de jogadores estão desempenhando em alto nível mesmo depois dos 35 anos.

Prova disso pode ser verificada no Campeonato Brasileiro da Série A de 2018, onde identificamos aumento de 33% no número de jogadores com 35 anos, ou mais, que atuaram em, pelo menos, quatro jogos da competição. A comparação foi feita com dados obtidos no ano de 2011 do mesmo campeonato. Naquela oportunidade apenas 24 jogadores competiam com 35 anos ou mais contra 32 atletas presentes no levantamento realizado em 2018.

Embora a participação ainda se mostre pequena, quando se considera o total de jogadores na competição, se a tendência se mantiver poderá ocorrer aumento mais expressivo nas edições futuras dos principais campeonatos de futebol.

Diante desta realidade é preciso compreender o que está influenciando o prolongamento da carreira de alguns jogadores e este artigo tem como objetivo focar dois aspectos que podem explicar esta nova tendência: 1- o aprimoramento de todos os procedimentos de preparação física e 2 – mudança dos hábitos cotidianos dos jogadores.

 1 – Aprimoramento dos procedimentos de preparação física.

O aprimoramento dos procedimentos de preparação física pode estar relacionado com o prolongamento da carreira dos jogadores pela sua influência na redução do número de lesões que representa um dos principais fatores que leva ao encerramento precoce da carreira.  Geralmente os atletas que se lesionam muito carregam sequelas que, ao longo do tempo, limitarão a tolerância à sobrecarga associada aos jogos e treinamentos.

Por exemplo, quando as lesões musculares na mesma região são recorrentes, o tecido muscular fica mais rígido e menos resistente às sobrecargas devido o surgimento da fibrose. A transformação do tecido favorece, significativamente, a reincidência de lesões no local. Fato semelhante pode ocorrer nas articulações quando são submetidas a várias intervenções cirúrgicas. Fica evidente que quanto menor for o número de lesões ao longo da carreira, menores serão as sequelas e maiores as chances de o atleta mais velho prolongar a carreira.

Nos últimos anos significativa diminuição no número de lesões vem sendo observada durante a temporada competitiva e dois fatores podem ser apontados como responsáveis pela redução: a evolução do treinamento muscular específico para a prevenção e tratamento das lesões e o aprimoramento do controle da sobrecarga dos treinos e da fadiga dos jogadores.

Do ano 2000 até os dias atuais o trabalho de fortalecimento da musculatura esquelética ganhou importância entre os profissionais responsáveis pela preparação física das equipes. Treinamentos mais específicos com ênfase na estabilidade do funcionamento das articulações do quadril e joelhos, contribuíram decisivamente para a diminuição das lesões de joelho e reduziram ao mínimo as lesões pubianas. A eficiência dos tratamentos das contusões acelerou o processo de recuperação dos atletas de maneira mais eficiente e em condições mais seguras para antecipar a volta aos treinamentos e competições com menor probabilidade de se contundirem novamente.

O aprimoramento do controle da sobrecarga dos treinamentos e da fadiga dos jogadores influenciou, substancialmente, na individualização da intensidade dos treinos e, consequentemente, ajudou a evitar a exposição excessiva dos atletas às situações de risco. Atualmente, as grandes equipes possuem instrumentos e métodos de controle que permitem adequar a intensidade e o volume dos treinos às condições físicas dos jogadores. Os picos de sobrecarga e o desgaste físico podem ser detectados com antecedência para diminuição das cargas de trabalho nas sessões de treinamento e para proibir a participação em jogos visando preservar o jogador quando se identifica uma possível situação de lesão.

2 – Mudança dos hábitos cotidianos dos jogadores.

A queda do desempenho físico com o aumento da idade é inevitável, mas mudanças de hábitos podem desacelerar o processo que colabora para a aposentadoria precoce. O auge do desempenho físico da carreira do jogador de futebol é atingido por volta dos 25 anos de idade e pode se manter até os 30 anos. Após este período começa a ficar mais evidente uma queda gradual do desempenho físico que vai se acentuando com o passar dos anos. O envelhecimento é inexorável, mas a boa alimentação, o descanso, a hidratação, a abstinência ao álcool e ao fumo, interferem positivamente para prolongar o desempenho em alto nível.

O descanso é fundamental no processo de recuperação e para a longevidade da carreira. O jogador deve ser precavido e adotar um estilo de vida saudável fora do ambiente controlado do treinamento e das competições para evitar queda acentuada do desempenho físico.

A boa alimentação tem função importante para a recuperação da energia despedida nas atividades intensas dos treinos e confrontos. Os clubes oferecem a orientação de nutricionistas que controlam, de maneira muito eficiente, o cardápio e a suplementação dos jogadores nos Centros de Treinamentos e nos locais onde são hospedados nas viagens e concentrações. Alimentos saudáveis contribuem, de maneira significativa, no processo de recuperação e, em alguns casos, no controle do peso corporal. Contudo, fora do ambiente de “trabalho”, os jogadores são os responsáveis e não podem se render aos excessos durante as refeições e a falta de moderação no consumo de bebidas alcoólicas.

Finalizando é importante ressaltar o comprometimento e o profissionalismo de alguns jogadores que, por iniciativa própria, contratam fisioterapeutas e preparadores físicos, para ajudar a acelerar o processo de recuperação física e mental. Tal atitude é um sinal de mudança de concepção dos jogadores sobre a importância de investir na saúde e na qualidade de vida para prolongar o desempenho em alto nível e ser visto com mais respeito pelos dirigentes e torcedores.

Conclusão:

O constante aprimoramento dos meios de preparação física e a mudança de concepção sobre a importância de se manter um controle dos hábitos fora do ambiente de trabalho podem ser dois pontos fundamentais para o prolongamento da carreira dos jogadores de futebol.

Em um futuro próximo já será possível observar se esta geração, premiada com os avanços científicos da preparação física e dos procedimentos de recuperação e ciente da sua responsabilidade quanto aos bons hábitos de vida, conseguiu jogar em alto nível, por mais tempo, que as gerações anteriores.

Se esta previsão for confirmada teremos um significativo avanço para melhorar o desempenho e prolongar a carreira dos jogadores profissionais de futebol.

Fonte: Universidade do Futebol